Mais outra história. Desta vez não foi escrita por nenhuma razão em especial, apenas algo que me veio à cabeça, e enquanto escrevia, surgiu isto.
Captura I
Comecei a transpirar.
Baixei os olhos e engoli em seco. Seria imaginação minha?
Arrisquei um relance rápido ao banco na minha frente. Lá estavam. Aqueles olhos… Fixos em mim. Ou estavam mesmo? Porque estariam? Se calhar estavam fixos em pensamento… Sim, tinha de ser isso.
Afinal, porque estaria uma mulher linda como esta a olhar tão fixamente para mim?
Mas… espera. Aquilo foi um sorriso? Tão suave que mal o apanhei. Mas sim, foi! Aqueles lábios luxuosos tinham-se movido num pequeno sorriso de escárnio enquanto aqueles olhos profundos me fitavam.
Oh Deus!
Engoli em seco outra vez e senti-me começar a tremer ligeiramente.

Não sei o que se passava comigo. Podia ter sorrido de volta para ver a reacção ou simplesmente mudado de lugar para acabar com o desconforto. Mas sentia o meu corpo preso ao banco e a mente completamente em branco. Além de que não conseguia evitar a fascinação que sentia por aquele Ser à minha frente. Parecia que me estava a controlar sem sequer fazer ou dizer nada.
Agitei-me um pouco e comecei a respirar mais depressa, embora o tentasse dissimular.
Ela estava agora a percorrer todo o meu corpo com os seus olhos.
Imediatamente pensei que me devia ter arranjado um pouco melhor hoje. Espera, o quê? Não, não, por uma estranha? Abanei a cabeça, que se passava comigo? Eu não era assim.
Voltei a olhar para ela.
Lá estava! O sorriso tinha voltado, agora óbvio. E obviamente ainda de escárnio.
Senti-me corar que nem um tomate e baixei os olhos, não me conseguindo impedir de os percorrer pelas suas pernas esguias envoltas em nylon.
Gemi, sem me aperceber até ouvir o seu riso, envolto numa aura de desdém.
Queria um buraco onde me enfiar naquele mesmo instante!
Pensei que fosse morrer de vergonha, até que de repente senti o comboio abrandar.
Ela levantou-se elegantemente, sem tirar os olhos de mim. Pegou na mala e dirigiu-se para a porta, dizendo apenas uma palavra enquanto me fitava:
“Segue-me.”
Com a mente completamente enfeitiçada por esta mulher, a minha única reacção foi levantar-me e segui-la, esquecendo o trabalho para o qual me atrasaria agora definitivamente.
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